O município de Baraúna, localizado na divisa do Rio Grande do Norte
com o Ceará, distante 29 quilômetros de Mossoró, está mais uma vez atravessando
problemas no tocante à violência galopante que afeta os moradores e os que precisam
se deslocar diariamente para trabalhar em uma das muitas empresas e fábricas
que se instalaram na região.
Assassinatos, assaltos, tiroteios, falta de policiamento,
arrombamentos e tráfico de drogas é o que vem acontecendo na cidade, associados
a um silêncio profundo dos moradores, que, com medo da violência, preferem não
manifestar seus sentimentos e revoltas.
"Aqui virou uma cidade sem lei, onde os assaltos e assassinatos
acontecem na presença das pessoas, mas ninguém se arrisca a falar nada temendo ser
a próxima vítima", disse o agricultor José Marques Dantas, 54 anos,
morador.
O delegado Ricardo Adriano Brito da Costa, que há seis esses assumiu o
comando da Delegacia de Polícia Civil de Baraúna, se diz assustado com a
violência que atinge a população, em especial com o grande número de
assassinatos ocorrido este ano, no município.
"A palavra é assustado mesmo, com tudo que vem acontecendo em
Baraúna, em especial o grande número de assassinatos que ocorreram todos
próximos um do outro. Para se ter uma ideia, foram oito mortes, sendo que sete
delas, ocorreram do final de abril pra cá e isto é preocupante mesmo",
explicou o delegado.
Para o delegado uma série de fatores contribuem para a violência na
região, porém a falta de condições de trabalho, associado ao pouco efetivo das
polícias civil e militar tem causado dificuldades para prender, investigar e
concluir os inquéritos policiais.
"Nós temos uma equipe formada por um delegado, um escrivão e
quatro agentes, para atender toda a demanda da cidade e região. Já a Polícia
Militar, com quem mantemos uma parceria importante, também funciona abaixo do
efetivo, com um pequeno grupo para realizar rondas ostensivas no
município", destacou.
A situação da Polícia Civil piora ainda mais no tocante a única
viatura que a DP dispõe, um Fiesta simples, inadequado para um território
extenso e cheio de estradas vicinais, que dão acesso a outros municípios do
Ceará.
O delegado destaca que o ideal para a Polícia Civil de Baraúna seria
uma caminhonete potente, para encarar as estradas carroçáveis, quando
necessário for. "Nosso carro não é apropriado para o município, uma vez
que temos de andar centenas de quilômetros em estradas de chão batido e com um
veículo baixo, não podemos desenvolver a velocidade ideal para perseguir os
criminosos, que sempre usam carros apropriados para a região".
Diante dos inúmeros problemas enfrentados pelas forças policiais
baraunense, as autoridades constituídas estão se mobilizando, no sentido de
realizar uma audiência pública, com a presença de representantes do Governo do
Estado, para tirar soluções imediatas, no tocante a violência e suas mazelas.
Sem solução
Uma das maiores marcas da violência na cidade de Baraúna, que
prejudicou toda a população, acaba de fazer aniversário: a destruição da
agência do Banco do Brasil, durante uma ação criminosa. Na madrugada do dia 11
de maio de 2012, uma ação ousada de uma quadrilha composta por 15 homens causou
terror aos moradores da cidade de Baraúna, onde o bando atirou contra o
destacamento da Polícia Militar e em seguida estourou a parede externa da
agência do Banco do Brasil, explodindo um cofre e levando todo o dinheiro.
Os marginais desafiaram a polícia e fugiram por uma estrada
carroçável. Até o momento ninguém foi preso, ou sequer identificado. Com isso,
não mais voltou a funcionar.
População se divide entre sentimento de medo e revolta
Com a violência que a cidade de Baraúna tem enfrentado, o maior
prejudicado é o cidadão de bem, que tem que amargar as ações dos criminosos sem
poder fazer nada. "O povo está assustado, não temos para quem apelar.
Alguma coisa precisa ser feita com urgência, não aguentamos mais sermos massacrados
pela ações dos bandidos", disse a dona de casa Maria José Pereira,
residente em um assentamento na zona rural.
"Baraúna tem hoje uma das realidades mais preocupantes do RN,
pois além de pouca estrutura para comportar a população local, tem que atender
aos milhares de trabalhadores que vêm de fora em busca de serviço",
explicou um comerciante.
O grande volume de dinheiro que circula na região tem atraído
marginais. Eles assaltam estabelecimentos comerciais, residências e a
população. Na semana passada a equipe de reportagem do O Mossoroense esteve
mais uma vez na cidade para conversar com moradores e autoridades policiais e
constatou que o medo e a revolta da população só aumentou. Do dia 3 de junho do
ano passado, quando a reportagem publicou a reportagem especial
"Insegurança e medo tomam conta da população", a única mudança que
teve foi o aumento da criminalidade.
Fonte: To Vendo Tibau
Postado em: 13/05/2013
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