Insegurança, ameaça de morte, impunidade, medo, e outras
palavras que são usadas no dia-a-dia pelos moradores dos bairros e ruas de
Mossoró caracterizam bem o sentimento da população no tocante à violência que
se instalou na cidade nos últimos três anos, quando quase 500 pessoas foram
assassinadas no município e, muitos destes crimes continuam insolúveis, devido
a falta de provas.
"As pessoas temem repassar algum tipo de informação
para a polícia, em virtude de conhecer o assassino e desta forma ser vítima
também, já que a maioria dos matadores que agem em Mossoró está solta, tocando
terror nos bairros onde reside ou atua", destacou um investigador da
Polícia Civil.
Para o investigador, aproximadamente 40% das mortes
ocorridas em Mossoró, este ano, estão sem elucidação devido a falta de provas,
até mesmo da própria família da vítima.
"Tem casos que chegam para serem investigados sem
nenhuma informação preliminar, capaz de dar um norte ao nosso trabalho. Diante
disto, temos que lidar com as hipóteses e configurar toda a vida pregressa do
morto para chegarmos aos suspeitos. Porém esse trabalho é ainda mais complicado
por não termos tecnologia de ponta para apressar os resultados das
perícias", destacou.
Segundo registros da Delegacia Especializada em Homicídios
(Dehom), um dos crimes misteriosos que até o momento não andaram as
investigações, ocorreu no dia 29 de maio deste ano, no conjunto Abolição I,
onde um homem foi executado a tiros, por dois elementos disfarçados de gari da
prefeitura.
Na ocasião, os supostos garis assassinaram com mais de 10
tiros, por volta das 7h, José Fábio Magalhães Rocha, "Fabio
Maranhão", 35, na porta de sua casa, na rua Monsenhor Gurgel.
Os autores fingiram varrer trecho da rua em frente à
residência e surpreenderam a vítima quando saía de casa. Próximo ao local do
crime, os policiais encontraram pá, enxada e ciscador usados pelos autores do
homicídio. Com "Fábio Maranhão", os agentes encontraram uma pistola
380 e dois carregadores de munição. Na revista no interior da casa, a polícia
localizou balança e dois pacotes lacrados, provavelmente cocaína.
Fábio era considerado pela polícia como um dos mais
perigosos assaltantes de banco do Maranhão e estava envolvido com arrombamento
de caixas eletrônicos no RN.
Para o delegado Roberto Moura, as investigações estão
praticamente paradas por falta de testemunhas. "O que conseguimos apurar
até o momento é pouco para se chegar aos autores e a motivação do crime. As
pessoas que conviviam com ele aqui em Mossoró, alegam não saber de nada",
explicou o delegado.
Ainda de acordo com a Dehom, outro assassinato que continua
sem elucidação, por falta de provas, é o do lutador Leandro Barbosa de Melo,
24, executado a tiros na noite de 18 de abril passado, dentro de uma academia
no bairro Lagoa do Mato.
Por volta das 22h, Leandro Barbosa estava na academia quando
foi surpreendido por dois elementos, que chegaram em uma moto Fan, de cor
escura e placa ignorada. Os homens, armados de revólver, invadiram o local e
atiraram.
Para as investigações, no momento do assassinato havia
outras pessoas na academia, no entanto ninguém repassou nada de concreto que
pudesse levar a identificação dos acusados.
"É a lei do silêncio imperando na sociedade. As pessoas
temem represália e dizem que não viram e não sabem de nada", concluiu
Roberto Moura.
Quase três anos se passaram e o assassinato de fotógrafo
continua sem elucidação
Já se passaram dois anos e sete meses em que o fotógrafo
mossoroense Eliéber Santos da Costa, 37, foi assassinado com requintes de
crueldade e até o momento o crime continua sem elucidação e com os autores
desconhecidos, pelo menos foi o que informou um irmão da vítima, que até hoje
sofre ameaças de morte, devido os criminosos entenderem que ele sabe de alguma
coisa.
"O que mais me angustia, não é ter sido ameaçado de
morte após o assassinato do meu irmão e sim, o crime nunca ter sido esclarecido
e os culpados presos", disse um irmão da vítima, que por questões de
segurança não quis que o nome fosse divulgado.
De acordo com o familiar, todo o caso envolvendo o fotógrafo
Eliéber Costa foi muito doloroso para a família, que além de ter perdido o ente
querido levou quase oito meses para que os parentes pudessem sepultar os restos
mortais da vítima.
"A demora na liberação cadavérica do meu irmão se deu
devido os ossos dele terem sido enviados a Natal e de lá para Recife (PE) e
Salvador (BA), onde foram submetidos a exames criteriosos para que ele fosse
identificado oficialmente", disse.
RELEMBRE O CASO
O corpo do fotógrafo Eliéber Costa foi encontrado
carbonizado dentro de um veículo, no dia 7 de novembro de 2010, na Vila
Alagoas, município de Serra do Mel. O laudo preliminar do Instituto Técnico e
Científico de Polícia (Itep) apontou que o fotógrafo teria sido torturado e
morto antes de ser queimado dentro de seu carro.
Ele residia no bairro Belo Horizonte, em Mossoró, e na noite
em que antecedeu ao crime, Eliéber Costa estava em sua casa quando recebeu uma
ligação, tendo saído minutos após e na manhã seguinte seu corpo foi encontrado.
Além de fotógrafo, a vitima trabalhava de vigilante para uma
empresa terceirizada que prestava serviços à Petrobras. O celular da vítima, os
pertence pessoais e o Corsa Sedam foram todos destruídos pelo fogo.
Uma das hipótese levantada pela polícia é que o crime teria
sido passional, no entanto, até o momento, nada ficou comprovado.
Fonte: O Mossoroense
Postado em: 21/07/2013
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