Pacientes
estão recebendo atendimento nos corredores
da maternidade (Foto: Caroline Holder/ G1)
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A direção da maternidade - que é gerida pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) - atribuiu a superlotação à falta de
estrutura das redes municipal e estadual de saúde. Segundo o Governo do Estado,
as unidades estaduais estão funcionando e o hospital Santa Catarina, que
realiza partos na capital, está superlotado devido à desassistência municipal.
Já a secretária de Saúde de Natal, Joilka Bezerra, disse que os atendimentos
foram normalizados nas três maternidades municipais.
“A superlotação a esse ponto é inédita. Com os pacientes
dispostos dessa maneira, não é possível fornecer o tratamento que elas
necessitam. Acabaram de passar por uma cirurgia e não têm direito a uma cama.
Ficam expostas e sem conforto com os filhos que acabaram de nascer”, lamentou
Maria Daguia Medeiros, diretora e médica da Maternidade Januário Cicco.
Aline se recupera em cadeira na maternidade
(Foto: Caroline Holder/ G1) |
Esse é o caso de Aline de Farias, de 20 anos. Ela passou por
uma cesariana na noite desta quarta-feira (14) e, sem leito, dormiu em uma maca
no corredor. Na manhã desta quinta (15), ela foi 'transferida' para uma cadeira
no mesmo local.
“Sinto muitas dores. Ficar sentada depois da cirurgia é
muito doloroso. Não ter um leito dentro do quarto é triste. Tudo que a pessoa
quer é ficar num canto reservado com o bebê. Mas o que tenho é isso”, desabafou
Aline.
“É um absurdo. Ver minha filha assim é triste. Mas espero
que ela receba logo alta amanhã (16) e fique repousando numa cama na nossa
casa”, Lúcia de Farias, mãe de Aline.
A história de Aline se repete com as 35 mulheres
distribuídas em corredores, salas de pré-parto e centros cirúrgicos. Todos os
lugares viraram enfermarias improvisadas.
Centro cirúrgico também é usado como enfermaria
(Foto: Caroline Holder/ G1) |
“A mulher acaba de parir e não tem vaga nem no corredor. O
jeito é deixá-la na mesa de cirurgia. O problema é que isso atrasa o parto das
outras que estão na sala de espera. Mas só posso tirar a paciente da mesa se
tiver onde colocá-la, se não, ela dorme no centro cirúrgico”, afirmou a
diretora.
Maria da Silva veio de Senador Georgino Avelino, cidade a 50
quilômetros de Natal. Chegou na capital na tarde desta quarta-feira, passou
pela cesariana e desde então está se recuperando da cirurgia numa cadeira,
também no corredor.
“A gente não tem privacidade, fica aqui sendo atendida pelo
médico na frente de todo mundo. Além do incômodo de ficar dia e noite sentada.
Mas o tratamento é bom, tem médico, então vou enfrentar isso”, disse Maria.
Corredor recebe identificação de enfermaria
(Foto: Caroline Holder/ G1) |
A equipe médica está assistindo 127 pacientes, quando
deveria atender a 92, a capacidade da maternidade. Para não perder o controle e
administrar os medicamentos corretamente, os funcionários deram nomes aos
leitos: Cadeira 1, Cama 2, Maca 3.“Tivemos que improvisar nisso também. Chegou
ao cúmulo de considerar uma cadeira no meio do corredor como leito. Estamos
atendo os pacientes nos lugares mais improváveis. É lamentável”, enfatizou
Nickson da Silva, técnico de enfermagem.
As duas salas do Centro Cirúrgico estão ocupadas com
pacientes que acabaram de parir. Os partos só serão recomeçados quando as mães
foram transferidas. “Isso só acontecerá quando alguma cadeira vagar lá em
baixo”, disse Maria Daguia.
Ainda de acordo com a direção, a superlotação na Januário
Cicco é consequência da má gestão dos governos estadual e municipal. “As outras
maternidades estão desabastecidas, por isso todas as parturientes correm para
cá. A governadora não liga a mínima a para a saúde da mulher no Rio Grande do
Norte”, finalizou a diretora.
Fonte: G1 RN
Postado em: 15/11/2012 às 15:39
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