
APODI (RN) - Muita gente pensa que não, mas a carne de
jumento é própria ao consumo humano. Foi pensando nisso que a Promotoria de
Justiça da Comarca de Apodi promoveu, nesta quinta-feira (13), almoço de
degustação da carne de jumento.
O objetivo inicial da iniciativa pioneira é desmistificar o
consumo desse tipo carne e tem como pano de fundo o grave problema de abandono
desses animais, os quais acabam às margens das rodovias à procura de alimento,
causando, por consequência, graves acidentes, muitos deles com vítimas fatais.
Para o Promotor de Justiça Sílvio Brito, o consumo da carne
representa uma solução economicamente viável para o problema dos jumentos
abandonados, já que despertaria nos criadores o interesse na criação desses
animais.
O Promotor de Justiça considerou o almoço um sucesso, pois
foi aprovado à unanimidade pelos convidados – cerca de 120 pessoas. “É uma
carne saborosa. O que impede o consumo é a barreira cultural, mas nós vamos
superar isso. Lançamos a ideia e agora vamos ver o que acontece”, destacou.
Para o almoço foram abatidos dois animais saudáveis. O abate
foi realizado no abatedouro público de Felipe Guerra (atualmente o que
apresenta melhores condições físicas em toda a comarca), foi assistido por um
médico veterinário e por uma nutricionista e obedeceu, dentro do possível, a
todas as normas fitossanitárias e de conforto animal, tais como dieta hídrica
de 24 horas e transporte até o local do abate duas horas antes do ato. O
promotor esclareceu, ainda, que os dois animais abatidos estavam em perfeito
estado de saúde e já haviam sido recolhidos para a sede da APA há mais de
quatro meses, onde passaram por vermifugação e acompanhamento veterinário
durante esse período”.
O evento contou com dois momentos: uma degustação às cegas
(na qual o convidado poderia comer dois tipos de carne, sendo que uma era de
jumento e a outra, bovina, ambas feitas na brasa), além do almoço propriamente
dito, no qual foram servidas carne de jumento guisada, ao molho madeira e
escondidinho.
A degustação aconteceu na Churrascaria Apodi, na entrada da
cidade, e contou com a presença de diversas autoridades, além de muitos outros
cidadãos, curiosos para experimentar a
iguaria. Entre os presente, estavam a Juíza Federal Emanuela Brito, esposa do
Promotor Sílvio Brito, os Promotores Eduardo Cavalvante (Mossoró), Fausto
França (Jucurutu) e Rafael Galvão (Caraúbas), o Secretário Estadual de
Agricultura, os prefeitos Flaviano Monteiro (Apodi), Haroldo Ferreira (Felipe
Guerra) e Ciro Bezerra (Itaú), os Presidentes das Câmaras de Apodi e Felipe Guerra, vereadores,
policiais militares e rodoviários federais, agentes penitenciários e diretores
de cadeias públicas, servidores públicos de vários órgãos, advogados, médicos
(alguns cubanos, inclusive) e até o padre da cidade, que também foi conferir a
qualidade da carne.
Acolhimento
Em outubro do ano passado, após a realização de uma
audiência pública para apontar soluções para a grande quantidade de acidentes
graves provocados por animais soltos nas rodovias, foi fundada uma associação
de proteção aos animais para o acolhimento dos jumentos e intensificado o
trabalho de recolhimento pelas Polícias Rodoviárias Federal e Estadual.
O promotor relatou que, “em apenas quatro meses, a entidade
já recebeu mais de 600 jumentos e, até o final do ano, já deve contar com mais
de dois mil animais, o que representa um custo muito elevado, já que o custo
diário de cada animal é de aproximadamente R$ 1,50, o que implicará, em breve,
uma despesa mensal de R$ 90.000,00”, observou. A Associação dos Protetores de
Animais de Apodi (APA) vem encontrando dificuldades para arrecadar fundos.
Segundo o promotor, “muita gente diz gostar dos animais, mas poucas se propõem
a ajudar efetivamente”.
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