A Polícia
Federal deflagrou a "Operação Cactus" que investiga irregularidades
no Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS). Entre os investigados
está o ex-deputado estadual e presidente do órgão Elias Fernandes.
Sem dar
informações, os policiais saíram da casa de Elias no bairro de Petrópolis por
volta das 9h30 carregando um malote. Também foram vistoriados os veículos que
se encontravam no imóvel um Nissan Tiida e um Corolla.
A Polícia
Federal informou que não iria dar maiores detalhes porque o processo corre em
segredo de justiça. Em nota limitou-se a declarar que a "Operação
Cactus" tinha "o objetivo de desarticular organização criminosa
especializada em desviar recursos públicos transferidos pela união a diversos
municípios cearenses mediante convênios e contratos de repasses". Foram
288 policiais federais e 12 auditores da Controladoria-Geral da União
Conforme a
nota, a "Operação Cactus" realizou 62 mandados judiciais de busca e
apreensão expedidos pela 11ª Vara da Justiça Federal em Fortaleza, nos
municípios cearenses de Aiuaba, Apuiarés, Barbalha, Canindé, Catarina,
Fortaleza, Guaraciaba do Norte, Iguatu, Irauçuba, Itapipoca, Itapiúna, Juazeiro
do Norte, Morada Nova, Mucambo, Quixeramobim, Reriutaba, Saboeiro, Tarrafas,
Tejuçuoca e Ubajara.
Ainda foram
cumpridos mandados nas cidades de Aparecida de Goiânia, Brasília e Natal.
Já à tarde,
numa entrevista coletiva a delegada federal Cláudia Braga revelou que as
investigações apuram desvios de recursos que podem chegar a R$ 48 milhões. As
investigação vinha sendo realizadas há dois anos, período em que Elias
Fernandes já estava no comando do DNOCS.
A
Controladoria Geral da União (CGU), que também participa das investigações,
contou que um ex-prefeito do município de Itatira/CE, atuando como lobista,
lidera desde 2004 uma associação criminosa, cuja atuação junto a prefeituras do
estado do Ceará e de outras unidades da federação visava a facilitar a obtenção
de recursos federais, na forma de convênios ou contratos de repasse, inclusive
mediante emendas parlamentares.
Além disso,
o grupo infiltrava-se nos órgãos federais repassadores dos recursos, mediante a
obtenção de apoio de servidores públicos e a participação de outros agentes,
com o intuito de garantir os repasses para os projetos e prefeituras de
interesse do grupo e de evitar que esses projetos passassem por acompanhamento
e fiscalização, como forma de garantir a ocultação de irregularidades e fraudes.
O trabalho
de investigação também concluiu que havia gerenciamento e montagem dos
processos junto a prefeituras do estado do Ceará, além de simulação de
licitações, com uso de empresas controladas pelo grupo. As apurações realizadas
constataram o enriquecimento desproporcional dos diversos participantes da
quadrilha, dentre os quais se destacam o mentor do esquema, seu filho e sua
principal assistente.
LEMBRANDO
Indicado
pelo então líder do PMDB na Câmara dos Deputados e hoje presidente da mesa
diretora da casa Henrique Alves, Elias Fernandes deixou o comando do DNOCS no
ano passado após ser alvo de várias denúncias de desvios de recursos.
Ex-deputado
faz relação com DNOCS
O
ex-deputado estadual Elias Fernandes conversou com repórteres da capital ainda
no transcurso da "Operação Cactus". Ele admitiu suspeitar que se
trata de algo relacionado ao DNOCS.
Ele disse
estar tranqüilo e explicou que entende que a iniciativa tem haver com o DNOCS
por se tratar de algo solicitado pela Polícia Federal do Ceará. "Como eu
passei quatro anos lá no Ceará, sendo diretor, deduzo que deve ser alguma coisa
ligada ao Dnocs e, como questionaram os convênios que aconteceram com os
municípios, deve ter isso", acrescentou.
Em
entrevista coletiva ele relatou como foi o trabalho da PF na casa dele.
"Fui no meu escritório e eles examinaram tudo. Eles levaram uma sacola com
um computador da casa que tem meu Imposto de Renda. Levaram uns papeis onde estava
uma cópia do orçamento do DNOCS. Eles disseram que não podiam dizer do que se
trata", relatou.
O
ex-deputado contou que foi surpreendido. "Fiquei surpreso. Estava me
preparando para sair para fazer uma caminhada a campanhia tocou com
insistência. Quando minha esposa abriu eles disseram que estavam com um mandado
de busca do Ceará e disseram: 'não se preocupe porque essa é uma atividade de
rotina. Não sabemos dizer. Estamos apenas cumprindo uma decisão de um juiz do
Ceará", disse.
Fonte: O Mossoroense
Postado em: 22/03/2013
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