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domingo, 16 de junho de 2013

POLÍCIA INVESTIGA ADOLESCENTE APONTADO COMO AUTOR DE 14 ASSASSINATOS EM MOSSORÓ

Denys Carvalho é a favor da redução da maioridade.
Um adolescente de 17 anos, prestes a ganhar a maioridade, está sendo acusado pelas polícias civil e militar de ter praticado pelo menos 14 assassinatos e outras sete tentativas de homicídio em Mossoró em pouco mais de quatro anos.
Relatos das investigações dão conta que o menor desafia as forças policiais e subjulga seus inimigos, dentro e fora dos seus domínios de atuação, que são os bairros Santo Antônio, Barrocas, Bom Jardim e Paredões.
De acordo com informações repassadas pela Polícia Civil, quando comete seus crimes o menor não faz questão de esconder que foi ele o autor do delito, como também intimida as testemunhas, ameaçando-as de morte caso relatem o que viram.
"O garoto é muito perigoso, não tem receio nenhum de eliminar quem atravessar o seu caminho. Para se ter uma ideia, em um dos crimes que ele está sendo acusado, está um desafeto seu, de infância, que tiveram uma rixa quando eram crianças e depois de se tornarem adolescentes, ele o matou com tiros à queima-roupa", disse um investigador da Polícia Civil, que apura alguns de seus homicídios.
Para o investigador, com testemunhas, pelo menos quatro assassinatos já ficaram comprovados que teriam sido praticados pelo adolescente, mas ele nunca foi apreendido.
"Mesmo tendo pouca idade, sua lista de crimes é extensa, pesando sobre seus ombros um crime que aconteceu na rua Seis de Janeiro, bairro Santo Antônio, quando uma de suas vítimas caminhava pela calçada e se deparou com ele. Na ocasião, o menor ia de moto quando viu o desafeto voltou e o surpreendeu, atirando pelas costas e fugindo tranquilamente", destacou.
Devido o infrator ser menor, a polícia não quis informar os nomes das vítimas, no entanto assegurou que além das mortes, ele foi responsável por aproximadamente oito atentados, tendo uma destas investidas deixado a vítima paraplégica.
O delegado Roberto Moura, titular da Delegacia Especializada em Homicídios (Dehom), disse já ter encaminhado à Delegacia Especializada no Atendimento ao Adolescente Infrator (DEA), quatro casos de assassinatos, comprovados pelas investigações e atribuídos ao jovem, para que esta conclua o trabalho investigativo e envie o processo à Justiça.
Preste a completar 18 anos, o adolescente infrator, segundo investigação policial, teria se ausentado de Mossoró, por um período de três anos, até que sua maioridade jurídica (21 anos), se encarregue de prescrever todos os seus crimes e ele possa retornar a sua cidade sem nenhum processo para responder.
"A nossa legislação dá brechas para esse tipo de atitude, uma vez que qualquer menor infrator quando passa dos 21 anos seus delitos prescrevem e ele não mais responderá criminalmente por eles. Isso, infelizmente, ainda acontece", destacou a delegada Liana Carneiro Aragão, que até a última quarta-feira respondia pela DEA.
Para a delegada, é necessário que seja feito uma reformulação na legislação brasileira para que crimes envolvendo menores tenham uma punição mais rigorosa.

Redução da maioridade divide opiniões de delegados


Polêmica envolvendo atitudes de menores infratores e suas formas punitivas tem ganhado espaço na mídia brasileira, onde população e autoridades divergem sobre a redução da maioridade criminal, de 18 para 16 anos, como forma de conter o avanço de ações delituosas envolvendo menores.
Em Mossoró, o delegado regional da Polícia Civil, Denys Carvalho da Ponte, é a favor que a maioridade seja reduzida, para que os adolescentes possam pagar pelos seu atos, perante à lei.
"Sou a favor da redução, se um adolescente pode votar, escolher seus representantes políticos, defender suas ideias sociais e convicções religiosas, ele pode também responder criminalmente pelos seus atos. Porém, é necessário que se crie condições dignas para que este tenha como responder seus delitos, em instituições adequadas", explicou Denys Carvalho.
A delegada Liana Carneiro Aragão diverge do seu colega e defende que a atual conjuntura legislativa não permite que seja possível a redução da maioridade. Para a delegada, se reduzir a maioridade para 16 anos, os menores de 15 vão começar a praticar crimes mais prematuramente.
"Se reduzir a maioridade, vamos ter crianças com 10 anos praticando crimes. O ideal seria dar condições de sociabilidades para recuperar os menores, em instituições dignas, onde eles possam cumprir suas medidas sociais, de forma que possa ser reintegrados à sociedade e seguir sua vida em frente", destacou.
A delegada criticou as péssimas condições das instituições responsáveis pelos menores infratores, bem como a legislação, que permite um menor homicida de passar, só até três anos, cumpriundo medidas socioeducativas.
"Temos que melhorar as condições de nossas instituições que apreendem os menores e fazem com que os menores possam ter nessas instituições, uma porta para ser reintegrada a sociedade", disse.

Procedimentos

Ainda de acordo com a delegada, os acontecimentos envolvendo menores infratores em Mossoró são tão intensos, que somente este ano já foram realizados mais de 200 procedimentos envolvendo menores.

"Este numero é bem maior, devido outras delegacias também registrarem ocorrências envolvendo adolescentes. Se juntarmos todos os procedimentos de todas as especializadas, vamos ter quase 500 ocorrências", concluiu.

Fonte: O Mossoroense
Postado em: 16/06/2013

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