Intitulado Segurança Pública e Racismo Institucional, o
estudo faz parte do Boletim de Análise Político-Institucional do Ipea e foi
elaborado por pesquisadores da Diretoria de Estudos e Políticas do Estado das
Instituições e da Democracia (Diest). “Ser negro corresponde a [fazer parte de]
uma população de risco: a cada três assassinatos, dois são de negros”, afirmam
os pesquisadores Almir Oliveira Júnior e Verônica Couto de Araújo Lima, autores
do estudo.
Na apresentação do trabalho, em entrevista coletiva na sede
do Ipea em Brasília, o diretor da Diest, Daniel Cerqueira, que, do Rio,
participou do evento por meio de videoconferência, apresentou outros dados que
ratificam as conclusões da pesquisa sobre o racismo institucional. Segundo ele,
mais de 60 mil pessoas são assassinadas a cada ano no Brasil, e “há um forte
viés de cor/raça nessas mortes”, pois “o negro é discriminado duas vezes: pela
condição social e pela cor da pele”. Por isso, questionou Cerqueira, “como
falar em preservação dos direitos fundamentais e democracia” diante desta
situação?
Para comprovar as afirmações, Cerqueira apresentou
estatística demonstrando que as maiores vítimas de homicídios no Brasil são
homens jovens e negros, “numa proporção 135% maior do que os não negros:
enquanto a taxa de homicídios de negros é de 36,5 por 100 mil habitantes. No
caso de brancos, a relação é de 15,5 por 100 mil habitantes”.
A cor negra ou parda faz aumentar em cerca de 8 pontos
percentuais a probabilidade de um indivíduo ser vítima de homicídio, indicam os
dados apresentados pelo diretor do Diest. Isso tem como consequência, segundo
Daniel Cerqueira, uma perda de expectativa de vida devido à violência letal
114% maior para negros, em relação aos homicídios: “Enquanto o homem negro
perde 1,73 ano de expectativa de vida (20 meses e meio) ao nascer, a perda do
branco é de 0,71 ano, o que equivale a oito meses e meio.”
Para o pesquisador Almir de Oliveira Júnior, como dever
constitucional, o Estado deveria fornecer aos cidadãos, independentemente de
sexo, idade, classe social ou raça, uma ampla estrutura de proteção contra a
possibilidade de virem a se tornar vítimas de violência. “Contudo, a segurança
pública é uma das esferas da ação estatal em que a seletividade racial se torna
mais patente”, disse Oliveira Júnior.
De acordo com as estatísticas sobre a violência em que o
estudo se baseou, esse é um dos fatores que explicam por que, a cada ano, “uma
maior proporção de jovens negros, cada vez mais jovens, é assassinada”,
acrescentou o pesquisador. Segundo ele, enquanto nos anos 80 do século passado,
a média de idade das vítimas era 26 anos, hoje não passa de 20.
Fonte: O Mossoroense
Postado em: 17/10/2013
Fonte: O Mossoroense
Postado em: 17/10/2013
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